Compreendendo a atmosfera de marte
Marte e a Terra possuem semelhanças físicas, químicas e
históricas. Marte já teve oceanos, rios, água em abundância e uma atmosfera
mais densa que atualmente. Sabemos que não existe vida, ao menos muito evoluída
por lá. Mas é possível a vida tenha surgido e sido impedida de progredir por
causa das alterações climáticas. Dada as semelhanças entre Terra e Marte,
conhecer o que aconteceu por lá pode nos ajudar a entender mais sobre processos
naturais globais que ocorrem aqui em nosso planeta.
Equipamento em laboratório semelhante ao que está a bordo
do Curiosity (imagem:NASA/JPL-Caltech)
Um equipamento a bordo do robozinho Curiosity estudou a
abundância de diferentes gases e isótopos na atmosfera de Marte.
O núcleo do átomo de qualquer elemento químico é formado por
prótons e nêutrons. Isótopo é uma variação de um elemento químico, com mesma
quantidade de prótons e elétrons, mas diferente número de nêutrons. A diferença
entre as quantidades de nêutrons produz uma diferença no peso atômico. O
isótopo carbono-12 é mais leve que o carbono-13.
O ar de Marte é abundante em dióxido de carbono, uma
molécula que permitiu o estudo de isótopos de carbono e oxigênio. Os dados
mostraram que a atmosfera do planeta é rica em isótopos pesados desses dois
elementos, em comparação com as quantidades originais, que podem ser obtidas da
mesma análise de isótopos no Sol e de amostras de atmosfera aprisionadas em
meteoritos marcianos.
E é aqui que entra a pista sobre o que aconteceu para
diminuir a quantidade de ar em Marte: a presença mais abundante de isótopos
pesados, indica que os leves foram embora primeiro, ou seja, a atmosfera
começou a ficar mais rara de cima para baixo. Qualquer que tenha sido
exatamente a causa, a diminuição da densidade da atmosfera de Marte começou de
cima, e não de uma interação com a superfície do planeta.
Processos naturais acontecem e precisamos entendê-los. É
bastante possível que o terrível aquecimento global que nos preocupou aqui na
Terra seja também um processo natural, em vez de apenas consequência da
intervenção humana, assim como foram as eras do gelo. Talvez nossa capacidade
de ação seja pequena diante de alguns desses processos naturais globais, mas só
saberemos o que podemos e o que não podemos fazer compreendendo-os. Com
certeza, a Terra é muito mais estável que Marte, mas não custa nada compreender
bem o que aconteceu com a água e com a atmosfera de nosso vizinho vermelho.
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